João Cabral, o poeta de muitas vozes | Ronaldo Correia de Brito | site oficial
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João Cabral, o poeta de muitas vozes

O Brasil tem muitos poetas, nenhum como João Cabral, que manteve sempre alta a sua poesia. Falar dele é exaltá-lo.

O seminário aconteceu no Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco, lá pelo final da década de 1980. Anônimo, pude assistir as grandes figuras da literatura brasileira brilhando e queixando-se de angústias e sofrimentos. Osman Lins e Joaquim Cardozo, mortos desde 1978, eram ausências sentidas. Carlos Pena Filho, que só viveu 31 anos, chorado. Segundo a mãe de João Cabral, o filho só dava gargalhadas quando estava na companhia de Ariano. Foi o paraibano quem relatou. Iam juntos aos estádios de futebol, se Cabral não estava com enxaqueca. Rachel de Queiroz reclamou das ausências do amigo. Você tem saúde, Rachel, eu não tenho, justificou-se o poeta. Falou que para seu desgosto as pessoas só citavam Morte e vida Severina. Leu dois poemas sobre as gentes sertanejas: O sertanejo falando e O luto no sertão. Ou não leu? Ele não havia escrito ainda e sonho tudo isso? É quase sonho a travessia do frade carmelita Joaquim do Amor Divino Rabelo, Caneca, no poema para vozes Auto do frade, o mais belo escrito em língua portuguesa. Poeta exato, preciso, em cujos versos nenhuma palavra falta ou sobra. Em quem o Recife, Pernambuco e o Nordeste, com suas gentes caminhantes e patéticas, ganharam a mais bela voz e a mais pungente vida na fala do Frei Caneca: “Eu sei que no fim de tudo / um poço cego me fita. / Difícil é pensar nele / neste passeio de um dia, / neste passeio sem volta / (meu bilhete é só de ida). / Mas, por estreita que seja, / dela posso ver o dia, / dia Recife e Nordeste, / gramática e geometria, / de beira-mar e Sertão / onde minha vida um dia.”

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