| Ronaldo Correia de Brito | site oficial
1662
post-template-default,single,single-post,postid-1662,single-format-standard,bridge-core-3.1.3,qi-blocks-1.2.6,qodef-gutenberg--no-touch,qodef-qi--no-touch,qi-addons-for-elementor-1.6.9,qode-page-transition-enabled,ajax_fade,page_not_loaded,,qode-title-hidden,qode_grid_1300,hide_top_bar_on_mobile_header,qode-content-sidebar-responsive,qode-theme-ver-30.2,qode-theme-bridge,disabled_footer_top,disabled_footer_bottom,qode_header_in_grid,wpb-js-composer js-comp-ver-7.3,vc_responsive,elementor-default,elementor-kit-2068

Quando eu tinha 9 para 10 anos e já ganhara o primeiro dicionário de um primo padre, nascido no Crato e residente em Natal” – Pe. Geraldo Gonçalves -, que depois largou a batina, casou e tornou-se professor universitário, fui com minha mãe visitar o professor e nosso tio Zuza Bezerra, ilustre mestre cratense. Lá pelas tantas, eu que era muito amostrado, falei “tetravô”.
E ele, em cima da bucha: “Menino, não seja pedante. Diga tataravô, que é a forma consagrada pelo povo e, portanto, a mais correta de falar”.

Foi um puxão de orelhas, nunca esqueci.

Depois encontrei a mesma observação no poema “Evocação do Recife”, de Manuel Bandeira:

E o vendedor de roletes de cana
o de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido…
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo, na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear a sintaxe lusíada.

Hoje faz 8 anos que mamãe morreu. Ela era uma estudante brilhante, famosa nas escolas do Crato, fazia discursos na Praça Siqueira Campos, de cima de um banco, porque era muito pequena.

Não pôde desenvolver sua carreira de estudante. Precisou se casar, assumir com o marido, aos 20 anos, a administração de uma fazenda de seis mil hectares, nos confins do sertão dos Inhamuns. Quase se esgota cozinhando para adjuntos de trabalhadores da propriedade, fazendo queijos, cuidando da casa e dos dez filhos que teve. Uma heroína sertaneja. Deus e os Anjos do Céu a tenham no Reino da Gulora.

[social_share show_share_icon="yes"]
No Comments

Post A Comment