João Cabral e o separatismo | Ronaldo Correia de Brito | site oficial
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João Cabral e o separatismo

No dia 9 de janeiro, comemoramos os 101 anos de nascimento de João Cabral de Melo Neto. No dia 13 de janeiro, os 196 anos da morte de Joaquim do Amor Divino Rabelo, o Frei Caneca.

“Em 02 de julho de 1824 os líderes revolucionários pernambucanos lançaram um manifesto, rompendo com o Rio de Janeiro e, logo a seguir, anunciaram a formação de uma república – a ‘Confederação do Equador’. Frei Caneca começou a publicar as ‘Bases para a Formação do Pacto Social’, que era um projeto de Constituição para o novo Estado”. Estavam juntos Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O movimento malogrou, como também malograra a Revolução de 1817, da qual Frei Caneca era um dos líderes. Em 13 de janeiro de 1825, aconteceu no Recife um cortejo, que mais parecia uma procissão, seguindo do cárcere onde o frade estivera preso, até o Forte das Cinco Pontas. O réu seria espingardeado, já que ninguém aceitara pôr a corda no seu pescoço.

É sobre esse trajeto que João Cabral escreveu um poema de vozes, o Auto do Frade.

Reproduzo aqui a voz de um oficial.

OFICIAL:

– Que ninguém se aproxime dele.

Ele é um réu condenado à morte.

Foi contra sua Majestade,

contra a ordem, tudo que é nobre.

Republicano, ele não quis

obedecer ordens da corte.

Separatista, pretendeu

dar o Norte, à gente do Norte.

Padre existe é para rezar

pela alma, mas não contra a fome.

Mesmo vestido como está,

com essa batina de monge,

para receber seu castigo

é preciso que ele se assome.

Que todo o cortejo avance!

Temos de chegar ainda longe.



Na base de todos os movimentos separatistas ocorridos no Norte e Nordeste do Brasil, havia a vontade de estabelecer valores regionais próprios, o desejo de que essas regiões fossem reconhecidas nas suas diferenças e particularidades: culturais, sociais, econômicas, étnicas, ancestrais. O Brasil sofreu e continua sofrendo ao longo de 521 anos o colonialismo externo,em europeu e norte americano. O Norte e o Nordeste sofrem além deste, o colonialismo interno, um neocolonialismo. O Norte nunca foi enxergado como Brasil a ser desenvolvido igual ao Sul e ao Sudeste, mas como território de exploração, extração, enriquecimento, sem nada receber em troca. A decadência da região Nordeste começou com a chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro, época da primeira revolução revolução pernambucana. Ocorreu a centralização do poder político e econômico nessa capital e o descaso pelo restante do país – a não ser quando surgiam insurreições que precisavam ser reprimidas.



É preciso refletir sobre a história e lutar contra as desigualdades sociais regionais para sermos, verdadeiramente, uma nação fortalecida na igualdade e nos princípios da democracia.

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1 Comment
  • AMARO AGOSTINHO DOS SANTOS JUNIOR
    Posted at 21:00h, 14 janeiro Responder

    Seria maravilhoso se o nordeste ficasse independente! Construiríamos nossa história com nossas próprias mãos , calcados em nossa cultura tão rica , alegre e viva!

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